Os mercados foram
hoje assolados por uma forte volatilidade. Nestes dias, os pequenos
investidores devem manter a calma, com os especialistas nos mercados a
alertarem que "é muito fácil cometer erros nestes dias".
Em
dias de grande instabilidade, como foi o de hoje nos mercados
bolsistas, os investidores “devem manter a calma porque não são bons
dias para estar no mercado”.
Filipe Garcia, analista da
Informação de Mercados Financeiros (IFM), alerta mesmo para o facto de
ser “muito fácil cometer erros nestes dias”.
O responsável
aconselha os investidores a “rejeitarem estratégias que recorram a
alavancagem”, de forma a protegerem de alguma forma os seus
investimentos.
Já Octávio Viana, presidente da Associação dos
Investidores e Analistas Técnicos do Mercado de Capitais (ATM),
questionado sobre o que devem os investidores fazerem nestes dias,
defende que devem “equacionar o investimento que fizeram, os
pressupostos e os seus objectivos que os moveram para essa decisão,
procurando responder se fosse hoje (aos preços de hoje) que iniciassem
esse investimento se ainda assim o fariam. Perante isso encontram a
resposta relativamente ao que devem fazer.”
E como se podem
proteger os investidores? Se conseguirem conviver com a volatilidade e
procurarem retornos maiores que a inflação, Octávio Viana aponta para o
ouro, “seja por via de produtos indexados ao valor do ouro, seja
físico”. Se o convívio com a volatilidade não for fácil, o melhor é
procurar um depósito, onde as suas poupanças estão mais seguras.
A
sessão de hoje foi marcada por oscilações acentuadas e por uma forte
volatilidade. As bolsas europeias afundaram de manhã e fecharam, em
muitos casos, a subir mais de 1%.
Este comportamento reflecte “o
medo” que os investidores estão a demonstrar. Há um “aumento da aversão
ao risco, com receio de desaceleração económica, mas também de
desconfiança face ao sistema financeiro a nível mundial, público e
privado”, sublinha Filipe Garcia.
“Do lado europeu receia-se o contágio da crise da dívida soberana a Itália,
Espanha e até França, com o mercado a perceber que qualquer dos
cenários de resolução da crise também penalizará a Alemanha. Nos EUA o
receio é que uma eventual desaceleração económica conduza a sérias
dificuldades do sector financeiro e a uma maior dificuldade de os EUA
conseguirem adoptar uma trajectória de consolidação orçamental”, adianta
o responsável do IMF.
“O mercado parece querer empurrar a Fed
para um ‘quantitative easing III”, acrescenta Filipe Garcia. Hoje, a
Fed está reunida e o mercado especula que possa anunciar mais apoio à
economia. Foi esta especulação que impulsionou os índices
norte-americanos, que estão a subir mais de 2%, o que acabou por
influenciar a negociação na Europa.
Octávio Viana considera que a
“Europa encontra-se numa situação ainda mais frágil aos olhos dos
credores. Primeiro porque não é fácil tomar uma decisão de ‘imprimir’
dinheiro como nos EUA. E, em segundo, porque a cultura europeia é de
primeiro cumprir com as prestações sociais e só depois, se houver
dinheiro, com os credores, o que é o inverso dos EUA.”
por Sara Antunes